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domingo, 18 de junho de 2017

A arte de bordar reinou nos últimos desfiles e coleções

O bordado vai além do ornamento e ganha status de protagonista.

A última temporada de desfiles destacou a riqueza do trabalho feito a mão, jogando os holofotes sobre os bordados e dando a eles uma importância que vai além do simples enfeite. Na 43ª edição da SPFW, por exemplo, os irmãos Emicida e Evandro Fióti levaram para a passarela da Lab, juntamente com o estilista João Pimenta, uma coleção chamada Herança. Amarrado do começo ao fim, o tema falou de cultura africana, samba e família e tudo ficou bem refletido nas peças bordadas pela própria mãe dos músicos, dona Jacira.
As bombers e as bermudas carregavam mensagens visuais produzidas pela artesã, com pedacinhos de retalhos e fios bem grossos, que criavam diversas texturas maximalistas e desenhavam casinhas, mulheres negras e a figura de um são Jorge, entre centenas de outros elementos. A cuidadosa técnica foi a responsável por arrematar uma imagem forte e bonita, ligar o enredo rico ao shape mais urbano das roupas e fazer o público embarcar na viagem sentimental da coleção.
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LAB, no SPFW N43. (Marcelo Soubhia/Agência Fotosite)
Na passarela da Alexander McQueen, a direção criativa de Sarah Burton também focou o aspecto manual. As tramas coloridas e bem folgadas dos casacos e dos vestidos lembraram como se monta um tecido. Pedaços de malha e couro foram unidos por pontos grossos e vibrantes. Nos longos de tule e nos acessórios, como as bolsas de mão e as botinhas médias, o bordado foi do rudimentar e mais simples, como os de ponto cruz, às finalizações mais preciosas.
A aparência inacabada, em andamento, também esteve nas criações de Hussein Chalayan e nas da Maison Margiela. Por aqui, essa forma aparece no tricô de Patrícia Bonaldi e sua PatBo, em que tudo ficou com menos cara de festa e mais com jeito de produção carinhosa da vovó.
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Alexander McQueen, coleção de inverno 2017. (Agência Fotosite/Agência Fotosite)
Outras confecções trabalham na valorização da imagem da construção feita pelo fio, como Fernanda Yamamoto, que não desfilou nessa temporada, mas colocou à venda em sua loja, na Vila Madalena, em São Paulo, opções de blusas, saias e vestidos de renda renascença, produzida por artesãs do Cariri paraibano. Nas mãos delas, uma peça inteira é construída apenas com agulha, linha e lacê de algodão, com um resultado especial e muito delicado.
Do outro lado, estão alguns nomes que saem da rusticidade e apostam em ideias mais figurativas. No Brasil, por exemplo, Fabiana Milazzo colocou em seus vestidões fluidos imagens de pássaros, como a da arara, feita de aplicações tridimensionais. Já na passarela da Dior, com Maria Grazia Chiuri, os elementos místicos, os astros e os insetos são os temas da vez, desde os looks básicos até a alta-costura.